segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

eu só choro agora porque não há mais pele que doa em meu corpo.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

parei no meio da estrada. tudo corria lento e o vento doia-me nas orelhas. rasguei a camisa preta e pude sentir o frio no peito. todo o meu sangue corria quente e os meus olhos latejavam de um vermelho duro e sentido. toquei com o dedo o suor que me corria na testa. não era suor. não era suor. era chuva . chovia e a camisa ensopada molhava-me o corpo.
o meu corpo já não se enterrava no asfalto e a na estrada vazia apenas se ouvia o som dos meus passos.
tenho na mochila roupa para os dias mais frios tudo bem condicionado batendo o peso nas minhas costas.
por enquanto continuo parada aqui, as minhas pernas ainda não desataram a correr desenfreadas mas sei, eu sei que em breve nada do que resta de mim ficará para contar a história dos dias lentos que vivi nesta estrada.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

o amor

mato-te hoje sentimento bastardo.
hoje
hoje
hoje

hoje...

hoje tenho sono, amanhã, mato-te amanhã.

a cor

eu sou o azul do teu céu meu amor. colhi a minha cor directamente da tua água mais pura.
para mim, nunca o azul foi frio. trocaria todo o calor do meu vermelho pelo teu, meu , nosso azul brilhante.
eu sou o azul. tomarei essa cor por apelido. desejo em toda a minha existência cravar com força esse azul metálico que me sai de um só grito.
serei eu o teu azul, serei eu , o próprio e único azul. Olho de soslaio para todas as outras cores. eu tenho o poder dos oceanos. afogas te em mim e eu te desejo em todo este meu azul altivo e soberano.




"I swam on your eyes and now I'm drowning at the waves of indiference"

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

a inércia

o meu pensamento bloqueia todo o meu movimento.

e eu não vou admtir o que me consome por estes tempos.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

o corte

eu vou cortar a pele molhada com a lámina aguçada da minha loucura.
eu vou
eu vou
eu não volto
eu só quero e pelo menos desejo não mais voltar.
eu vou cortar tudo o que esteja inteiro e deixar tudo pelas metades.
eu vou
eu vou
eu não vou voltar
eu não quero voltar
desapareço nas entranhas do medo, e o corte no meu pescoço irá empurrar o meu corpo até à escuridão.
eu quero.
eu quero.
eu vou. e tu sabes. nós sabemos, que quando eu quero...

eu vou.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

a culpa

eu quero,
não posso,
no entanto,
querer,
é sacrilégio,
pecado,
e eu,
com culpa,
me calo,
novamente.

eu sinto,
tudo isto,
na boca o
querer,
é erro,
dano,
e eu,
com culpa,
me calo,
outra vez.

eu vejo,
teu corpo
e o sei
querer,
da tua
boca o canto,
e eu nego,
e com culpa,
me calo
para sempre.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

amberleaf 2.0

quando fecho os olhos já não é escuro, aquilo que vejo. a noite não mais me cega e o toque do frio deixou há muito de entorpecer o meu corpo.
agora, sempre que te sinto perto, toda a minha visão se encendeia e eu vejo , eu sei que tudo vejo, só por sentir-te presente.
eu tenho medo e penso. eu tenho medo e caminho sozinha. tento pensar apenas no caminho. tento pensar apenas nas botas que me cortam os pés e na roupa que me pesa às costas. tento pensar até nos braços que pendem do meu corpo e no coração que se solta, cada vez mais lento no meu corpo. tento pensar em tudo isso e de novo penso em ti. e tento de novo e de novo me abstrair e novo caio também na ânsia de te querer ver.
hoje sinto de novo o escuro, não estás aqui. o teu corpo surge bem longe de mim, e eu sinto -me perder na recordação dos dias.
hoje apenas escrevo aquilo que penso. penso o que não digo e o que não te digo é tudo aquilo que consigo sentir agora. caminho no escuro e construo de novo as barreiras do meu pensamento. eu não quero sentir, eu não quero sentir de novo o escuro.

eu não quero sentir de novo todo este frio.