quinta-feira, 17 de setembro de 2015

doí-me o corpo mas não choro.
doem-me os ouvidos de ouvir as histórias das mulheres sem dor, mas não choro.
doí-me a cabeça dos mil fantasmas que ouço, perdidos na amargura dos anos decorridos, mas não choro.
a minha boca que interaje em centenas de palavras sem mágoa e rancor ranje nos dentes com um travo amargo a mentira, mas não choro.

penso em ti, e sinto arder em mim as lágrimas que me escorrem até ao peito.

domingo, 13 de setembro de 2015

queimei os meus olhos, meu amor, na fogueira onde os abri pela primeira vez de novo . assim que os abri já só uma sombra, por entre o fogo, a tua sombra , nitida e quente, nada mais do que a tua sombra.
quis fugir do fogo. quis fechar os olhos e nada sentir. mas o fogo seguiu-me pelas ruas. o fogo seguiu-me até casa. o fogo encheu-me o peito e destruiu-me as artérias.

e eu como no mito de Sisifo, condenada para sempre, a passar pelo fogo eternamente.