quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Era o sítio onde morrendo, o corpo se enchia de flores e o frio desaparecia para sempre

Era o sítio que no seu peito aparecia, sempre que as lágrimas rolavam do seu rosto

Era o sítio onde o azul era quente e o silêncio preenchia o mais vil dos corações. Era o sítio que ao não existir se tornava o centro do seu pensamento.

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Porque não consigo criar o belo e apenas me contento com as trevas e o sangue e os demónios e todos os pedaços de cancro que crescem no interior da minha cabeça?

AMENINADEOLHOSRASGADOSGRITOUPARAMIMCOMOMAIORSORRISODOMUNDOEEUDOFUNDODOPOÇOADORMECINUMSONOPROFUNDO

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

doí-me o corpo mas não choro.
doem-me os ouvidos de ouvir as histórias das mulheres sem dor, mas não choro.
doí-me a cabeça dos mil fantasmas que ouço, perdidos na amargura dos anos decorridos, mas não choro.
a minha boca que interaje em centenas de palavras sem mágoa e rancor ranje nos dentes com um travo amargo a mentira, mas não choro.

penso em ti, e sinto arder em mim as lágrimas que me escorrem até ao peito.

domingo, 13 de setembro de 2015

queimei os meus olhos, meu amor, na fogueira onde os abri pela primeira vez de novo . assim que os abri já só uma sombra, por entre o fogo, a tua sombra , nitida e quente, nada mais do que a tua sombra.
quis fugir do fogo. quis fechar os olhos e nada sentir. mas o fogo seguiu-me pelas ruas. o fogo seguiu-me até casa. o fogo encheu-me o peito e destruiu-me as artérias.

e eu como no mito de Sisifo, condenada para sempre, a passar pelo fogo eternamente.


quarta-feira, 3 de junho de 2015

gestalt

o importante é a forma. o importante é a forma. o importante vai ser sempre a forma como a vida me sai dos poros e se agarra ao polén das pequenas flores. o importante vai ser sempre a forma como me movo e como o meu pensamento se agarra a todas as pequenas partículas que me enchem de vida.

viu-a ao longe. e não era difícil preencher-se na forma daquele sorriso. viu-a de longe e repetiu mil vezes na sua cabeça mil e uma palavras carregadas de medo e subtileza. o medo não completa a forma e a forma não se faz com pensamento. a forma não tem cor, mas as linhas com que preencheu o pensamento ao olhar para aquele sorriso, era azul.

e o azul escorreu nas paredes do seu tecto e deformou o interior do seu pensamento.