segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

cinco

despedi-me da noite, do passado, das memórias e tentei andar para sul. para o lugar onde pernoitam as verdades e onde todos os sonhos são esquecidos.
tentei caminhar em frente. tentei me sentir eu mesma. tentei manter um único sentido e permanecer assim, intacta e sóbria mas só te vi a ti pelo meio da penumbra. tropecei em meus pés e tentei fugir do teu abraço quente. corri para norte , onde o verde preenchia os meus olhos e me arrefecia o corpo. a tua sombra tentou agarrar as minhas pernas, mas eu corri mais depressa e mais depressa corri, quando te senti cansada atrás do pó que deixava para trás.
vi-me de súbito desperta e reconheci todos os meus músculos latejarem em ligeiro sofrimento. caminhei lado a lado com a dor que se alojava a cada passo com que me movia. andei para o norte e para o verde das árvores. senti a cada passo a liberdade. senti nos pés , uma nova vontade de vislumbrar o mundo.
levantei a cabeça e vi o azul amarelecido do fim do dia. o mar ao fundo murmurava a saudade e eu senti-me viva de novo.
levantei de novo os olhos e vi-a pela primeira vez. sorri para o mar que escorria dos ombros e para a areia fina que lhe banhava os cabelos. sorri, porque não a vi com os olhos, mas sim com o meu próprio sorriso.

sorri , porque sorrir é a única maneira de a olhar com a alma.

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