domingo, 16 de outubro de 2011

tudo muito muito verde

às vezes grito sozinha. se grito sozinha no meio do verde, das árvores verdes, do dia verde, sei que apesar de alto gritar, nunca ninguém me há de ouvir. ninguém ouve o silêncio. as pessoas estão distraidas , tão distraidas com os seus próprios ecos que se recusam a ouvir o meu grito.

o meu grito.

é só dor no meu grito.

o meu grito.

é só confusão no meu grito.

aqui, só o verde ouve o latejar das minhas cordas vocais. perco-me nas cores, perco -me na cor, ouço o som do meu grito na tua cor. verde, verde palpitante, vejo o verde em ondas semi circulares. desapareço. transformo-me no som. já não sou eu. agora sou apenas o grito, o grito que trespaça os teus ouvidos. eu sei e entendo. ouves e entendes também. o meu grito é a tua dor também. o meu grito é o teu eco. tentas continuar mas agora é impossivel conter o teu grito também.

gritas. da tua boca já só sai silêncio.

choras. olhas para mim. o silêncio entoa no teu grito. as tuas lágrimas amor, as tuas lágrimas são verdes como o meu abismo.

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