às vezes grito sozinha. se grito sozinha no meio do verde, das árvores verdes, do dia verde, sei que apesar de alto gritar, nunca ninguém me há de ouvir. ninguém ouve o silêncio. as pessoas estão distraidas , tão distraidas com os seus próprios ecos que se recusam a ouvir o meu grito.
o meu grito.
é só dor no meu grito.
o meu grito.
é só confusão no meu grito.
aqui, só o verde ouve o latejar das minhas cordas vocais. perco-me nas cores, perco -me na cor, ouço o som do meu grito na tua cor. verde, verde palpitante, vejo o verde em ondas semi circulares. desapareço. transformo-me no som. já não sou eu. agora sou apenas o grito, o grito que trespaça os teus ouvidos. eu sei e entendo. ouves e entendes também. o meu grito é a tua dor também. o meu grito é o teu eco. tentas continuar mas agora é impossivel conter o teu grito também.
gritas. da tua boca já só sai silêncio.
choras. olhas para mim. o silêncio entoa no teu grito. as tuas lágrimas amor, as tuas lágrimas são verdes como o meu abismo.
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