quarta-feira, 15 de setembro de 2010

fome

tenho fome de ti
e mais não te posso dizer
porque ao dizer-te cairia
na tentação de morrer

por ti

e em ti.

sim, há muito que é dia
não é a toa que o digo
porque as horas voam entre os dedos
quando estou nas horas contigo.

e ao longe o vento voa
flores amarelas à leve brisa
de manhã

Ah! Já é de manhã.
a noite foi nossa, porém nossas
vozes eclodem numa ligeira ameaça
porque o dia voltou
mudou
assim como nós
especimes estranhos provindos
de um mundo diferente
deveras decadente
do qual nos expartiaram
para aqui
e aqui é dia
e o dia nunca foi a nossa rua.

tenho fome de ti
mas há muito que não temos casa
nem tão pouco paciência
insistência
para matar a fome
de nós
e de mim.

porque eu
também,
posso ter fome.

e ela disse:
se tens fome come
e eu comi
sabendo também
que ao comer
ficaria a saber
que já não terias
fome de mim.

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